há alguns anos eu já tinha falado sobre gelsomina, que ontem revi em “la strada”, do fellini. gelsomina, você é o lastro de sonho sustentando o mundo. gelsomina, me socorre nessa colisão de feridas e malogros. gelsomina, pedregulho inábil que desorienta as réguas. gelsomina, me ensina a arregalar os olhos. gelsomina, me dá uma colherada de sopa da tua panelinha. gelsomina, me dá o abraço que o zampano não pode te dar. gelsomina, não chora mais. gelsomina, não sei tocar trompete, mas compro um e vamos aprender juntas a tocas as melodias do nino rota. gelsomina, se você viesse hoje aqui em casa, a gente dividia a pizza das sextas-feiras, você me ajudava a tirar os pelos da samba do tapete e fazia cócegas nela. gelsomina, você iria rir assistindo o jornal nacional e o vídeo da reunião ministerial, porque você iria ver que isso não é nada, você iria me dar uma bronca, onde já se viu se chatear com isso, mulher. gelsomina, você iria desligar a tv e me chamar para tocar mais trompete. gelsomina, toda meia-noite eu sonho com você, se você duvida eu vou sonhar pra você ver. gelsomina, quero ser ninguém como você, ninguém pra sempre, dormindo dentro da tua carroça com você e te auxiliando no toque do tambor: “e arrivato zampanò”.