a leda e o miguel vieram aqui e nós cozinhamos juntos, queijo brie na massa folhada, legumes assados, uma peça de filé mignon e vinho muito bom; em volta da mesa da cozinha passamos a tarde e parte da noite conversando, rindo e ouvindo música. o dia estava bonito e a leda leu “por não estarmos distraídos” da clarice, em que ela fala que é o fato de queremos dar nome às coisas, tê-las, que nos faz perdê-las. e estávamos distraídos, nós, do dia que íamos formando e agora, ao nomeá-lo, procurando possuí-lo, parece mesmo que ele se afasta como se fosse uma foto que vi em algum lugar. por isso foi tão bom, agora penso, não termos tirado foto alguma e nem termos pensado nisso. como é bom não ter fotos de coisas boas, não ter registros físicos além do resto da carne guardado num tupperware na geladeira.