micro paranoia e medo de desabastecimento, principalmente dos filhos. quando eles nasceram, jurei que eles não passariam por guerra, mas, de algum jeito, estão passando, meu terror. sob recomendação inopinada do piglia, comecei a ler pale fire, do nabokov, mas nada de gostar. larguei. escrevi sobre quase todas as comidas que minha mãe gostava e fazia e descobri que nada, nem os amores, nem as ideias, são a “quidade” de alguém tanto quanto as comidas. minha mãe “é” goulash, é molho de cebola, é compota. a comida e a fartura, a comida e a escassez. o livro da herta muller, “hunger”, fala só sobre isso. o padre julio lancelotti forneceu o número de uma conta para comprar material higiênico para moradores de rua e, como a comida, é isso o que importa agora. importar: trazer para dentro.